Os povos indígenas têm uma relação muito próxima e interdependente com a natureza, baseada em um profundo respeito e conexão espiritual com o meio ambiente. Suas culturas, tradições e modos de vida são inextricavelmente ligados à biodiversidade, aos ecossistemas e aos recursos naturais.
No entanto, as mudanças climáticas têm afetado drasticamente as comunidades indígenas em todo o mundo, ameaçando sua subsistência e segurança alimentar, bem como sua saúde física e mental e seus direitos culturais e territoriais. As mudanças climáticas têm alterado padrões climáticos, provocando enchentes, secas e mudanças nos ciclos de plantio, pesca e caça, prejudicando as atividades tradicionais dos povos indígenas.
Além disso, a degradação ambiental, a perda de biodiversidade e o desmatamento causados pela ação humana têm afetado negativamente as áreas habitadas pelos povos indígenas, expondo-os a riscos de deslocamento forçado, conflitos territoriais e violações dos seus direitos humanos.
Apesar dos desafios enfrentados, muitas comunidades indígenas estão liderando a luta contra as mudanças climáticas e a preservação ambiental, por meio de práticas sustentáveis de manejo de recursos naturais e de estratégias de adaptação ao clima em suas regiões. A preservação dos conhecimentos tradicionais e da biodiversidade é uma contribuição fundamental dos povos indígenas para a conservação do meio ambiente global.
Um exemplo de projeto dos Paiter Suruí para combater as mudanças climáticas é o projeto "Carbono Suruí", lançado em 2007. Esse projeto foi o primeiro programa de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) desenvolvido por um povo indígena no mundo.
O projeto tem como objetivo proteger 248.000 hectares de floresta nativa no território dos Paiter Suruí, impedindo a exploração ilegal e o desmatamento. Em troca, as emissões de carbono que são evitadas pela preservação da floresta são comercializadas em mercados de carbono, gerando recursos financeiros para os Paiter Suruí.
Além disso, o projeto inclui ações para promover a gestão sustentável dos recursos naturais no território dos Paiter Suruí, como a implantação de sistemas agroflorestais e a valorização da cultura e dos conhecimentos tradicionais do povo. O projeto tem sido amplamente reconhecido como uma iniciativa inovadora e bem-sucedida de conservação da floresta e mitigação das mudanças climáticas.