Agroindústria de Castanha‑da‑Amazônia é entregue para o povo Paiter Suruí na Terra Indígena Sete de Setembro

Cacoal, Rondônia – A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, em parceria com a Associação Metareilá (do povo Paiter Suruí) e o WWF‑Brasil, inaugurou uma agroindústria para beneficiamento da castanha‑da‑Amazônia na aldeia Lapetanha, situada na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal. A iniciativa simboliza um passo decisivo para o fortalecimento econômico e cultural da comunidade.

Infraestrutura, formação e sustentabilidade

Batizada de Garah Ma Magahb, a agroindústria foi montada com tecnologia moderna e foi equipada para processar a castanha com padrão de exportação. O projeto, orçado em R$ 590 mil, recebeu financiamento do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, por meio do Projeto de Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil.

Além da estrutura física, foram promovidas capacitações para os indígenas responsáveis pela operação da fábrica, inclusive com o fornecimento de uma cartilha técnica que detalha os procedimentos de produção.

Vozes da comunidade e preocupação com o futuro

Durante a cerimônia, o cacique Almir Suruí ressaltou que “a defesa da floresta e a luta por sua preservação não são possíveis sozinhas”, evidenciando a importância das parcerias. A ativista Txai Suruí e a indigenista Neide Cardozo também destacaram o valor da capacitação local e do respeito à floresta como fundamentos do projeto.

Ainda no evento, a Kanindé divulgou resultados de uma pesquisa da Fiocruz sobre os impactos do mercúrio, oriundos da mineração ilegal, na saúde das crianças Paiter Suruí, revelando um preocupante aumento na contaminação. Essa constatação reforça a urgência de reforçar medidas de proteção ambiental para garantir a saúde das futuras gerações